.anitnelav

 
registro: 15/03/2007
"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."
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Dominó

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3 anos 31 dias h

Não é ele que tem que ser diferente...

... é você!!!
 
Exato 1 ano atrás escrevi aqui um texto sobre o Natal, que destoava dos demais por justamente criticar uma data tão festiva. Mas eu não encaro críticas como algo ruim pois é com elas que crescemos (claro que com as construtivas) pois vemos as coisas sob outro ponto de vista que antes não havíamos percebido, e por achar que muita coisa segue igual, reposto...
 
"Dias atrás escrevi em uma nota que acho hipócrita a época do Natal, mas como eu estava em casa alheia, não me senti no direito de aprofundar o tema, mas aqui posso rasgar o verbo.
Você já percebeu como nesta época todas as pessoas ficam boas, complacentes, inimigos se tornam melhores amigos, divergências são deixadas de lado? E o que há de errado nisso? Bom, se isso fosse o começo de uma nova etapa, seria simplesmente sensacional, mas o fato é que passada essa época “mágica”, tudo fica como dantes no quartel de Abrantes...
O que guia a minha vida é o respeito, aceitar o diferente, mesmo não concordando com ele. Tenho origem judaica, no entanto não sou “ortodoxa”, então eu não comemoro o Natal pelo seu significado religioso (apesar de saber qual é), e sim pela união da família, porque era o dia em que nos reuníamos (mamãe aniversariava no dia 26). E esse é o real sentido que eu vejo dessa data, mas o que realmente me incomoda é que parece que as pessoas somente dão uma “trégua” ao que as perturba, e não tentam fazer dessa paz “temporária”, a compreensão e a solidariedade o habitual de suas vidas.
Por todas essas razões é que considero hipócrita essa data, ver pessoas desejando tudo de bom a alguém quando na verdade querem mandá-lo à merda, pessoas posarem de boas cristãs (existem maus cristãos?) quando passaram a maioria dos dias julgando os outros (peço desculpas aos magistrados, que com certeza aqui há muitos... rs), tomando a sua vida como referência de bons atos, bom tudo.
Faça a sua parte: dê aquilo que você deseja receber (sem sacanagem, também tenho momentos sérios... raros, mas os tenho... rs), o retorno desejado é mais provável quando dizemos e agimos como o que queremos receber.
Tudo isso posto, não te desejarei um Feliz Natal; desejo sim que todos teus dias sejam reflexos da magia que existe nesta época, que você se lembre de tudo de bom que estes dias inspiram e estenda-o para todos os demais dias, até que o próximo Natal chegue e tudo recomece..."
 
Retomando: ainda acredito no ser humano, creio que uma hora a gente sempre acaba caindo em si e consertando nossos erros e por esse motivo é que aposto que quando cada pessoa perceber que seu umbigo é o que importa (porém jamais fazer dele o centro do Universo), quando todos fizerem a sua parte e o coletivo prevalecer sobre o individual, aí sim teremos um mundo, uma vida melhor pra todos.
Que venha 2014 e que desta vez sejamos diferentes e bemmm melhores...
Beijos a quem é de beijo, abraços a quem é de abraço.
 
Valentina
 
 

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Ele não é para você...

"Estando casado há apenas um ano e meio, recentemente cheguei à conclusão de que casamento não é para mim.

Agora, antes que você comece a imaginar coisas, continue lendo.

Eu conheci minha esposa na escola, quando tínhamos 15 anos. Nós éramos amigos havia dez anos, até que…  até que decidimos que não queríamos ser apenas amigos. Eu recomendo fortemente que melhores amigos se apaixonem. Haverá bons tempos para todos.

No entanto, me apaixonar por minha melhor amiga não me impediu de ter certos medos e ansiedades sobre me casar. Quanto mais eu e Kim nos aproximamos da decisão de nos casarmos, mais eu fui tomado por um medo paralisante. Eu estava pronto? Eu estava fazendo a escolha correta? Kim era a pessoa certa para mim? Ela me faria feliz?

Então, certa noite, eu compartilhei esses pensamentos e preocupações com meu pai.

Talvez cada um de nós tenha momentos em nossas vidas em que parece que o tempo fica mais lento, ou o ar fica parado, e tudo ao nosso redor parece encolher, marcando aquele momento que você nunca vai esquecer.

Meu pai dando suas respostas às minhas preocupações foi um grande momento para mim. Com um sábio sorriso ele disse, “Seth, você está sendo totalmente egoísta. Então eu vou simplificar as coisas: casamento não é para você. Você não se casa para ser feliz, você se casa para fazer alguém feliz. Mais que isso, seu casamento não é para você, você está casando para uma família. Não apenas para os parentes e todas essas besteiras, mas pelos seus futuros filhos. Quem você quer que te ajude a criá-los?  Quem você quer que os influencie? Casamento não é para você. Não é sobre você. Casamento é sobre a pessoa com quem você se casou."

Foi nesse exato momento que eu soube que Kim era a pessoa certa para mim. Eu percebi que eu queria fazê-la feliz; vê-la sorrir todos os dias, vê-la gargalhar todos os dias. Eu queria ser parte da família dela, e a minha família queria que ela fosse parte da nossa. E lembrando de todas as vezes em que a vi brincando com meus sobrinhos, eu soube que ela era a pessoa com quem eu gostaria de construir nossa própria família.

O conselho de meu pai foi ao mesmo tempo chocante e revelador. Foi na contramão da “filosofia Walmart” de hoje, que é: se não te faz feliz, você pode devolver e pegar um novo.

Não, um verdadeiro casamento (e um verdadeiro amor) nunca é centrado em você. É centrado na pessoa que você ama – seus desejos, suas necessidades, suas esperanças, e seus sonhos. O egoísmo exige: “O que há aí para mim?”, enquanto o amor pergunta: “O que eu posso dar?”

Há algum tempo, minha esposa me mostrou o que é amar sem egoísmo. Por muitos meses, meu coração endureceu com uma mistura de medo e ressentimento. Então, quando a pressão chegou a um nível insuportável, as emoções explodiram. Eu era insensível. Eu era egoísta.

Mas, ao invés de se igualar ao meu egoísmo, Kim fez algo além do maravilhoso – ela mostrou um transbordamento de amor. Deixando toda a dor e angústia que eu havia causado, ela amorosamente me tomou em meus braços e acalmou minha alma.

Eu percebi que tinha esquecido o conselho do meu pai. Enquanto o lado de Kim no casamento tinha sido me amar, meu lado do casamento era só sobre mim. Essa terrível descoberta me levou às lágrimas, e eu prometi à minha esposa que iria tentar ser melhor.

Para todos que estão lendo esse texto – casados, quase casados, solteiros, ou mesmo solteirão ou solteirona – eu quero que você saiba que casamento não é para você. Nenhuma relação de amor verdadeiro é para você. O amor é para a pessoa que você ama.

E, paradoxalmente, quanto mais você verdadeiramente ama essa pessoa, mais você recebe. E não apenas dessa pessoa, mas dos amigos dela e da família dela e milhares de outras pessoas que você nunca teria conhecido se seu amor permanecesse egoísta.

Na verdade, amor e casamento não são para você. São para os outros."

 

Tradução de http://sethadamsmith.com/2013/11/02/marriage-isnt-for-you/


Cuidado, vc pode se surpreender...

A Repartição dos Pães 

 

 

"Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. Quanto a meu sábado – que fora da janela se balançava em acácias e sombras – eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-la na mão dura, onde eu o amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: amanhã já seria domingo. Não é com você que eu quero, dizia nosso olhar sem umidade, e soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A avareza de não repartir o sábado, ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior.

Só a dona da casa não parecia economizar o sábado para usá-lo numa quinta de noite. Ela, no entanto, cujo coração já conhecera outros sábados. Como pudera esquecer que se quer mais e mais? Não se impacientava sequer com o grupo heterogêneo, sonhador e resignado que na sua casa só esperava como pela hora do primeiro trem partir, qualquer trem – menos ficar naquela estação vazia, menos ter que refrear o cavalo que correria de coração batendo para outros, outros cavalos.

Passamos afinal à sala para um almoço que não tinha a bênção da fome. E foi quando surpreendidos deparamos com a mesa. Não podia ser para nós…

Era uma mesa para homens de boa-vontade. Quem seria o conviva realmente esperado e que não viera? Mas éramos nós mesmos. Então aquela mulher dava o melhor não importava a quem? E lavava contente os pés do primeiro estrangeiro. Constrangidos, olhávamos.

A mesa fora coberta por uma solene abundância. Sobre a toalha branca amontoavam-se espigas de trigo. E maçãs vermelhas, enormes cenouras amarelas, redondos tomates de pele quase estalando, chuchus de um verde líquido, abacaxis malignos na sua selvageria, laranjas alaranjadas e calmas, maxixes eriçados como porcos-espinhos, pepinos que se fechavam duros sobre a própria carne aquosa, pimentões ocos e avermelhados que ardiam nos olhos – tudo emaranhado em barbas e barbas úmidas de milho, ruivas como junto de uma boca. E os bagos de uva. As mais roxas das uvas pretas e que mal podiam esperar pelo instante de serem esmagadas. E não lhes importava esmagadas por quem. Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para o redondo ar. Sábado era de quem viesse. E a laranja adoçaria a língua de quem primeiro chegasse.

Junto do prato de cada mal convidado, a mulher que lavava pés de estranhos pusera – mesmo sem nos eleger, mesmo sem nos amar – um ramo de trigo ou um cacho de rabanetes ardentes ou uma talhada vermelha de melancia com seus alegres caroços. Tudo cortado pela acidez espanhola que se adivinhava nos limões verdes. Nas bilhas estava o leite, como se tivesse atravessado com as cabras o deserto dos penhascos. Vinho, quase negro de tão pisado, estremecia em vasilhas de barro. Tudo diante de nós. Tudo limpo do retorcido desejo humano. ‘Tudo como é, não como quiséramos. Só existindo, e todo. Assim como existe um campo. Assim como as montanhas. Assim como homens e mulheres, e não nós, os ávidos. Assim como um sábado. Assim como apenas existe. Existe.

Em nome de nada, era hora de comer. Em nome de ninguém, era bom. Sem nenhum sonho. E nós pouco a pouco a par do dia, pouco a pouco anonimizados, crescendo, maiores, à altura da vida possível. Então, como fidalgos camponeses, aceitamos a mesa.

Não havia holocausto: aquilo tudo queria tanto ser comido quanto nós queríamos comê-lo. Nada guardando para o dia seguinte, ali mesmo ofereci o que eu sentia àquilo que me fazia sentir. Era um viver que eu não pagara de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce quando a boca já está perto da comida. Porque agora estávamos com fome, fome inteira que abrigava o todo e as migalhas. Quem bebia vinho, com os olhos tornava conta do leite. Quem lento bebeu o leite, sentiu o vinho que o outro bebia. Lá fora Deus nas acácias. Que existiam. Comíamos. Como quem dá água ao cavalo. A carne trinchada foi distribuída. A cordialidade era rude e rural. Ninguém falou mal de ninguém porque ninguém falou bem de ninguém. Era reunião de colheita, e fez-se trégua. Comíamos. Como uma horda de seres vivos, cobríamos gradualmente a terra. Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. Comi com a honestidade de quem não engana o que come: comi aquela comida e não o seu nome. Nunca Deus foi tão tomado pelo que Ele é. A comida dizia rude, feliz, austera: come, come e reparte. Aquilo tudo me pertencia, aquela era a mesa de meu pai. Comi sem ternura, comi sem a paixão da piedade. E sem me oferecer à esperança. Comi sem saudade nenhuma. E eu bem valia aquela comida. Porque nem sempre posso ser a guarda de meu irmão, e não posso mais ser a minha guarda, ah não me quero mais. E não quero formar a vida porque a existência já existe. Existe como um chão onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos.

Pão é amor entre estranhos."

Clarice Lispector

(Felicidade Clandestina: contos)


Vampiros afetivos

"Existem pessoas que não se relacionam pensando em somar, mas em sugar. Tiram do outro o que necessitam e depois simplesmente o descartam sem qualquer compaixão; de forma irônica e grotesca. São vampiros afetivos. Sugam a sua energia, o seu entusiasmo, o seu dinheiro, as suas forças, o seu dinamismo... São parasitas que só conseguem sobreviver atrelados a um provedor financeiro, de energia e afeto. Somente aquele que tem pode dar. Aquele que não tem “rouba” do outro. Vive sugando, vampirizando, adquirindo do outro através da sua exploração. Hoje em dia isso é muito comum. Estamos rodeados por uma corja de incompetentes em todos os sentidos. Pessoas que não conseguem prover sua subsistência através de meios próprios e optam por encostarem-se àqueles que são valorosos e batalhadores, que com esforço e dedicação constroem ao invés de destruir.
 
Difícil está separar o joio do trigo. Já disse o Senhor que eles crescerão juntos até a época da colheita (Mt 13, 24-30). Então, podemos nos preparar para muita vagabundagem, safadeza, mau-caratismo... Quem é joio não está nem um pouco preocupado com a colheita; está é usufruindo das benesses de crescer ao lado de quem é trigo. Suga, vampiriza, usa e abusa... Acha que a festança não vai acabar nunca. Pensa que “ad eternum” vai poder parasitar a alma penitente, amorosa, verdadeira e produtiva. Mas, o próprio Deus alertou para isso: o joio deverá ser amarrado em feixes para ser queimado, literalmente destruído. Não vai restar nada do aproveitador.
 
Concordo que nem sempre é fácil identificar um vampiro afetivo. Ele vem disfarçado de pessoa meiga, interessada em ajudar ou simplesmente sofredora e em dificuldades emocionais ou financeiras. Mente, ilude, trapaceia, envolve e mascara suas reais intenções. Consegue sucesso em seu intento porque tem esperteza nas coisas do mundo. O inocente acredita porque tem boa fé; é movido por princípios íntegros e as melhores intenções. Diz a verdade, expõe-se, confia, auxilia, doa seu tempo, empresta seu dinheiro... Vira motivo de chacota, ironia, desprezo. Em pouco tempo ou mesmo alguns anos, depois de ter sido usado e vampirizado, é descartado como algo sem valor, ainda que seja preciosíssimo.
 
Somente Deus pode aquilatar o valor dos filhos seus. Ele sonda as intenções, conhece os corações, vê onde nossa vista não alcança. Ele sabe dar a cada um o que lhe é devido. Por isso, não fique triste se você foi ludibriado por um vampiro afetivo. Ele terá sua justa paga no momento oportuno, tão logo o Senhor resolva pedir a prestação de contas pelo uso de seus talentos inatos. Quem trabalha para o mal não pode tomar parte no banquete dos eleitos.
 
Agora, se você não acredita em Deus e nem na justiça divina, ainda assim pode se socorrer na física e suas implicações práticas. Para cada ação uma reação, é o que diz a terceira lei de Newton. Assim, o que se faz ao próximo, volta inexoravelmente para a pessoa que o fez. Acho isso uma coisa tão sábia da parte de Deus. Nem mais nem menos, apenas a mesma coisa. Os vampiros afetivos que se cuidem daqui pra frente, pois podem carecer de tempo para saldar suas dívidas."

 

Maria Regina Canhos Vicentin


                                                                                                                                                                                             
 

Esse é o espírito

O ladrão chegou em mim e disse:

- Give me the phone!

Perguntei:

- Por que tá me assaltando em inglês?

Ele respondeu:

- Tô treinando pra Copa.

 

Claro que isto é uma brincadeira mas não duvido nada que realmente venha a acontecer afinal já está mais que provado que ainda não estamos preparados para receber eventos desse porte, sem contar que, a não ser para algumas pessoas, não vejo nenhum benefício para o povo o país sediar esse campeonato.